Entenda melhor como funcionam os princípios da adaptação do organismo humano
Diariamente recebo dúvidas, perguntas e questionamentos a respeito de treinamento, dieta e outras coisas mais. Entre os problemas mais freqüentes que encontramos nos praticantes das mais diferentes modalidades físicas, são os limites que aparentemente estão a um bom tempo sem ser superados. Limites esses que muitas vezes parecem ter causado uma tremenda adaptação ao corpo.
Porém, quando começamos avaliar cuidadosamente cada caso, quase sempre o que percebemos é que, na verdade não são necessariamente limites físicos que precisam ser quebrados, mas sim, limites mentais, ou os chamados platôs.
Quando iniciamos em qualquer treinamento, a tendência do corpo é responder aquele estímulo com máxima intensidade, afinal, estamos propondo uma situação totalmente nova ao corpo. Entretanto, da mesma forma que obtemos ótima resposta no início, obtemos também uma certa adaptação com o decorrer do tempo. É como analogicamente comparar um carro recém saído de fábrica, com altíssima potência e, o mesmo carro cerca de 2 anos depois, caso não tenha sido feita nenhuma manutenção além de colocar combustível, óleo e água, claro. Certamente a potência e o desempenho não serão os mesmos. E é exatamente isso que acontece com o corpo.
Durante o processo de evolução, a facilidade que o corpo humano adquiriu para se adaptar as mais diversas situações é realmente incrível. Na realidade, se não fosse por essa capacidade adaptável não só nossa, mas das espécies atuais, dificilmente elas teriam sobrevivido. Então, se isso acontece em diversos aspectos, obviamente acontece no desenvolvimento físico também. O corpo passa a acostumar-se com os mesmos estímulos, com a mesma alimentação, com as mesmas freqüências e passa a entender aquilo como algo normal e não mais um estímulo que necessita de superação. E é aí que começam as chamadas “estagnações”. Mas, na maioria das vezes essas estagnações são resultado também da falta de tentativas a coisas novas.
Vejo diversos indivíduos que sempre estão treinando da mesma forma, sempre estão se alimentando da mesma forma, sempre estão suplementando da mesma forma. Chega a ser monótono…
O princípio da adaptação do organismo ao treinamento possui particularidades relacionadas com o nível de estímulo a ele aplicado. Durante a aplicação de estímulos de treinamento sobre o organismo deparamo-nos com o conceito de síndrome de adaptação geral (SAG) proposto por Hans Seyle; 1956 in Dantas; 1985 , a qual possui fases correlacionadas com os estímulos ou stresses. Os stresses podem ser de ordem física, bioquímica e mental.
Mas, o que pode ser considerado intensidade? O volume? A força máxima? A explosão ? Na verdade, todos esses e mais um zilhão de aspectos.
Um dos maiores erros, principalmente do praticante de musculação cético é acreditar que unicamente um método irá funcionar, quando, na verdade, o corpo de fato responde melhor individualmente a um método específico, mas, mesmo este deverá ser alterado por horas para que não caiamos nessa adaptação que tanto queremos fugir.
Por conseguinte, é necessário primeiro que entendamos que cada um terá suas preferências e aprenderá com o passar do tempo modificá-las de acordo com o que seu corpo individualmente responde melhor. Isso significa que não há necessariamente regras dentro do fisiculturismo. Alguns responderão melhor aos estímulos com mais ou menos volume, mais ou menos cargaXvolume, distribuição de exercícios etc etc etc, que serão descobertos pouco a pouco com o passar do tempo e, claro, de acordo com as características genéticas (por exemplo, Mentzer dizia que indivíduos que possuíssem maior quantidade de fibras vermelhas responderiam melhor a treinamentos com repetições um pouco mais altas do que indivíduos com maiores quantidades de fibras brancas). Porém, dentro desses padrões encontrados é importante saber variar e modificar.
Mas, afinal, como fazer essas modificações já que não há uma regra? Oras, tentando! Mas, para que essas tentativas possam realmente ser eficaz é necessário que o praticante de musculação, ou o atleta sejam devidamente treinados primeiramente em sua mente. Tendo preconceitos com métodos sem antes experimentá-los, simplesmente porque achamos que eles não compactuam conosco é o primeiro platô que deve ser quebrado para que o desenvolvimento aconteça.
Quando um indivíduo que está acostumado com treinos muito volumosos se depara com um sistema HIT ou até mesmo com um sistema MAX-OT, o susto é tremendo e a refuta também. E o mesmo acontece com o inverso. A verdade é que ambos só tem a perder não testando ambas as situações.
É o mesmo caso, por exemplo, da grande e interminável polêmica do aeróbio em jejum: Alguns contra, outros a favor, outros sem posição definida. Mas, quantos desses elaboraram protocolos realmente coerentes de acompanhamento de si próprio antes de dizer que aeróbio em jejum é ou não melhor? Quantos foram na prática e testaram?
Fugir da adaptação é saber misturar o que há de científico com o prático. Obviamente, se temos uma linha científica que tem dado certo, ela pode servir como uma grande diretriz para nossos caminhos. Porém, se não aplicarmos na prática, isso não passará do papel e, lembre-se que o papel aceita TUDO… Já a prática… Diz por si só!
Para você que está confuso, aqui fica uma ótima dica: Periodização. Insisto largamente nesta tecla, pois, acho muito eficaz não só para um planejamento contínuo durante o ano, mas também para o autoconhecimento, visto que você passará pelos diferentes métodos de treino durante esse período, vendo as diferentes respostas de seu corpo e, claro, adaptando-as com a sua dieta, que é fator importantíssimo para o sucesso em quaisquer períodos (e por sinal, combinar dieta e treinamento que se encaixam perfeitamente a você é extremamente difícil).
Fonte: DICASDEMUSCULACAO.com
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