Para adolescentes, só dieta e exercício não bastam para emagrecer

A fórmula do déficit energético para emagrecer, ou seja, queimar mais calorias do que se consome, pode não ser tão simples quanto parece quando se trata de adolescentes. Mais do que colocá-los para fazer exercícios físicos e controlar a alimentação, mostram estudos recentes, um acompanhamento médico multidisciplinar, que envolva especialistas de áreas como psicologia, nutrição e endocrinologia, é o mais eficiente para tratar sobrepeso e obesidade. E o envolvimento dos pais é fundamental.


Um trabalho publicado recentemente na revista “Pediatrics” e realizado pelo Centro para Pesquisa em Saúde Kaiser Permanente, pertencente a uma organização sem fins lucrativos nos Estados Unidos, acompanhou 208 meninas com idade entre 12 e 17 anos por seis meses. Durante este período, as adolescentes obesas ou com sobrepeso participaram de reuniões semanais com colegas na mesma situação, foram acompanhadas por médicos e psicólogos e incentivadas a praticar exercícios físicos, mantendo um diário do que comiam e de suas atividades. Os pais também foram orientados pelos especialistas, para aprenderem a incentivar as meninas.

O programa foi um dos poucos a focar na redução de peso em adolescentes, já que o grupo que mais costuma receber atenção são as crianças. Ele preconizava a diminuição do tamanho das porções, o limite do consumo de alimentos ricos em energia, o estabelecimento de padrões de refeições regulares, a substituição de bebidas açucaradas por água e o aumento do consumo de frutas e vegetais e das refeições feitas em família. As meninas foram estimuladas a se exercitar pelo menos cinco dias por semana, e a limitar o tempo em frente à TV a duas horas diárias. Elas também receberam aulas de ioga e um jogo de videogame que estimulava a atividade física.


Além da redução do Índice de Massa Corporal (IMC) em dois pontos percentuais, as pacientes melhoraram sua autoestima, passaram a ingerir menos comidas gordurosas e passaram a comer mais vezes em família.

— Este resultado é bastante satisfatório; indica mudanças de hábitos. E estamos falando de pessoas em fase de crescimento; o simples fato de não ganhar peso de um mês para o outro é comemorado, em alguns casos — explica Maria Edna de Melo, endocrinologista da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). — A abordagem multidisciplinar é a mais eficiente, pois o paciente sofre alterações psicológicas e clínicas. E não há muita diferença prática no tratamento de meninos e meninas. É comum a abordagem psicológica diferenciada, mas ambos sofrem bullying, por exemplo.

A diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia no Rio, Carmen Assumpção, concorda: o mais importante é promover uma mudança de vida, o que demanda tempo e envolvimento familiar:

— Para alcançar um IMC ideal neste tipo de abordagem, um adolescente costuma levar de dois anos e meio a três. Nos pacientes obesos, o índice de sucesso costuma ser de 30% a 40%.

Uma criança com mais de 5 anos e que tem pais obesos tem 80% de chance de se tornar um adulto obeso. Preocupado com o panorama dos adolescentes brasileiros, o governo federal promoverá, de 5 a 9 de março, a Semana de Mobilização Saúde na Escola, com foco no tema. Haverá gincanas, palestras e ações para identificar alunos com este tipo de problema.

— Temos uma bomba-relógio em nossas crianças e adolescentes. Se não intervirmos agora, teremos uma geração de obesos — diz Helvécio Magalhães, titular da secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde.

Com histórico de hipertensão e diabetes na família, Luisa Rocha, de 17 anos, procurou as reuniões do Vigilantes do Peso em novembro. Incentivada pelos pais, ela já perdeu oito quilos:

— Percebi que pequenas mudanças fazem diferença, como trocar o pão e o requeijão normais pelas versões light.

Fonte: O GLOBO

1 comentário

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Kelly Cavalheiro

Mais uma vez arrebentando nas matérias!!!!!!

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